30 de nov. de 2009

Ansiedade e Insegurança

Ansiedade é um estado emocional desagradável de apreensão, de um perigo contra a própria integridade.
É um temor frente a um perigo real ou imaginário, uma espécie de alerta para algo que possa ferir fisicamente ou moralmente.
É uma defesa natural do corpo, mas torna-se prejudicial quando limita, impede, bloqueia e quando provoca sentimentos ou sensações de difícil controle.

Uma pessoa passa a desacreditar em suas capacidades, fazendo surgir sentimentos de inferioridade, incapacidade, impotência. Desta forma fazendo ela se sentir "presa, acanhada" assim o temor pela rejeição pode aparecer, acompanhado também de uma sensação de abandono ou solidão. A ansiedade vai tomando forma e tomando conta da pessoa. Ela provoca reações físicas e o corpo entra em estado de alerta, reagindo contra o inimigo aparente. Quando nos deparamos nesta situação, a primeira reação é de salvamento: tentamos sair desta pressão a qualquer custo. Impulsivamente, podemos abandonar algo que desejávamos muito, alegando que não queríamos tanto assim. E assim permitindo que a ansiedade se deposite na nossa cabeça, exercendo uma forte pressão a ponto de deslocar nossa atenção ao que estava gerando ansiedade, para a dor física da enxaqueca ou dor de cabeça.
Com esses sintomas de alerta, o seu corpo fica dando um aviso de que algo não esta bem, e por alguma razão você esta se sentindo ameaçado, seja esta ameaça, real ou imaginaria.
Você se pergunta: o que fazer nesta hora? É muito simples: respirar calmamente, com o diafragma, encher a barriga de ar e depois o peito e soltar devagar. Outra dica é dizer mentalmente para si mesmo: "Esta tudo bem, tudo bem". Acredite isto é para que você envie uma mensagem para seu cérebro para que ele processe a mudança.

Controle Pessoal

A ansiedade esta associada a uma resignação passiva: a pessoa aprende a reagir com ansiedade quando se sente indefeso, incapaz, impotente para reagir frente a uma figura de autoridade (pai, mãe, professor). Torna-se uma pessoa oprimida e percebe que o controle esta alheio a ela, acentuando o sentimento de resignação, intensificando a insegurança. Passa a experimenta o sentimento de impotência pela dificuldade ou falta de oportunidade de evitar o que incomoda devido à ansiedade.
A insegurança é consequente da ansiedade pela falta de controle interno e excesso de controle externo ou maior credibilidade no outro do que em si mesmo. O controle pessoal é um aspecto importante no manejo da ansiedade: se aprendemos a ver-nos controlando o ambiente ou sendo controlados por ele. O comportamento recebe a influencia do controle externo e sua vida passa a ficar a mercê do mundo exterior, a pessoa vê o controle nas mãos do outro. Nosso comportamento também recebe influencia do controle interno: quando alguém tenta jogar problemas ou mau humor em nós, colocamos em ação o autocontrole, buscando internamente recursos para lidar de maneira adequada com aquela situação, sem deixar-nos influenciar pelo outro e sim por nós mesmos, tomando as rédeas da própria vida.
O aumento do controle melhora visivelmente a saúde e a moral.
Pesquisas realizadas em escolas, lares para idosos, fabricas e presídios revelaram que aos que lhes foi concedido escasso controle pessoal experimentam uma diminuição da moral e um aumento do estresse, ansiedade e consequente insegurança, falta de confiança em si. Aos que receberam autonomia e estimulo para exercer o controle, mostram uma atitude mais vivaz, ativa e feliz. Todos mostraram melhor rendimento, animo, disposição, menos estresse, agressividade e depressão.
A pessoa prospera em condições de democracia, liberdade pessoal e exercício de seus direitos. Parafraseando o filósofo romano Sêneca: são felizes os que elegem a atividade que preferem. As mudanças estão ocorrendo no mundo todos devem servir como ferramentas de aprendizado, de ensaio e erro. Em vez de mergulhar na ansiedade e na insegurança movida no campo de trabalho, por exemplo, podemos ampliar o leque de percepção.
Ver a capacidade de controlar nossos sentimentos é muito importante e assim conseguirmos viver em equilíbrio.

29 de nov. de 2009

Mentira! Mentira! Mentira!

Pois é, meu anjo, a vida é assim mesmo. Hoje estamos aqui e amanhã... também.

 
I. Um homem que mente e diz que mente, mente ou não mente? Se diz a verdade quando diz que mente, não mente. E, se diz mentira quando diz que mente, também não mente.

II. Vantagem extraordinária é a do mentiroso. Enquanto os outros sabem apenas o que sabem, ele sabe sempre alguma coisa mais.

III. A mentira é a mais-valia arrancada da credulidade. Já que a mentira só existe quando há um crédulo. Pois ao cético ninguém mente. Ele não crê nem na verdade.

IV. O que vive repetindo a palavra indubitável é, indubitavelmente, um mentiroso.

V. Mentimos mesmo quando estamos sozinhos.

VI. Jamais diga uma mentira que não possa provar.

VII. Uma mentira é a do que mente. Outra é do escutador (imitando Guimarães Rosa)

VIII. É inútil apontar alguém como mentiroso. Todo mundo é.

IX. Desenvolveu tanto a arte da mentira que todos acreditam nele. Ele é que não acredita em mais ninguém.

X. A inverdade, apanhada na hora, chamamos de mentira deslavada. Um ano depois será considerada apenas uma outra faceta da verdade. Se persistir na memória, diremos que é um rapto de imaginação da pessoa que pronunciou. Um século depois já ninguém mais saberá quem disse, e ela será parte fundamental da sabedoria popular, se transformara em fantasia, em épico, quem sabe em conceito geral da eternidade filosófica?!

25 de nov. de 2009




Sou capaz de me lembrar, ao acordar, de que a amei – e que a amaria de novo. O importante é jamais esquecer. Ser, portanto, é lembrar. O poema Eloisa to Abelard, do inglês Alexander Pope (1688-1744) – mais especificamente da parte em que Heloisa, lamentando o fim trágico de seu romance com Abelardo, diz que, antes que a alma de um amante recupere sua paz, ela terá de amar, odiar, ressentir-se, arrepender-se e dissimular. Tudo, diz Heloisa, menos esquecer.

Ideologia (?!)

Ideologia é a bitola-estreita do pensamento. “Doutrina prescritiva não apoiada em argumentos racionais.” - A supplement of The Oxford English Dictionary. Pois o mundo sempre viveu a reboque da tecnologia. Desde a pedra polida e o primeiro fogo. Tecnologia que, nos últimos 100 anos, nos deu o cinema, o telefone, o avião e, é bom lembrar, a higiene! Nas duas ultimas décadas a tecnologia deu inicio ao verdadeiro socialismo. Olimpíadas exibidas pra todo mundo, a morte do Papa vista pelo mundo todo – a televisão universal, a biblioteca universal (Google) e, não esquecer, a possibilidade de um iraquiano munido de meio quilo de artefato químico enfrentar o megaimpério. E, ontem mesmo, a tecnologia criou o telefone celular, que imediatamente chegou a todo proletariado do mundo. Bem a igualdade a tecnologia garante. Cuidem vocês da fraternidade.
Atravessamos mais uma barreira – convencional do tempo.
Mas fazer o que? Não se pode ter tudo não é mesmo?
E estamos chegando a 2010. Esperando não ter saudade de 2009.
E este ano já vai começar com fins e inícios - literalmente(como todos os outros anos). Dizem que re-escrever a historia é muito importante. Recomeçar cansa –as vezes -, ou não é isso que faz a vida valer á pena.
Ter idéias por incrível que pareça é difícil e mais difícil ainda é colocá-las em pratica. O importante é...Admitir, tentar sempre e nunca desistir...
Perder leva até mesmo os melhores a questionar suas habilidades.
Pra que insistir em ficar negando a verdade e a realidade. Isso só prova uma coisa: Falta de Inteligência... Pois a vida vai e vem, sobe e desce, roda e roda...
Nada é definitivo, por isso que os budistas afirmam que a existência é "impermanente".
Não ter medo e não recuar em nenhuma hipótese. Que tudo acabara se acertando ao longo do tempo e das disponibilidades. Viver e aprender com os momentos!
Certo que a única vez em que perder é mais legal do que ganhar, é quando se esta lutando contra uma tentação.
Sem essa de se achar um "coitadinho".
Coitadinho é uma expressão de quem quer reduzir, paralisar a si mesmo, as pessoas em volta e até mesmo uma nação.
Um dos segredos pra alcançar o carisma é a veemência com que se aborda assuntos relevantes para si mesmo e para as vidas que o destino enfeixou em suas mãos. A veemência é um claro sinal de sinceridade.
Foi no grito que nos tornamos independentes, e é no berro que mostramos nossa indignação.

22 de nov. de 2009

Pensamentos & Encontros...

Vivem zombando do pouco conhecimento de algumas pessoas.
Mas Sócrates, Maomé, Dostoievski, Nietzsche, e Jesus Cristo! não falavam inglês.

Pensamentos:

I. Todo mundo viaja. Poucos chegam Lá.
II. As guerras nunca acabam.
III. Uma pessoa de ar soberbo é totalmente poluída.
IV. Dizia "Minha cara metade", como quem reclama do preço.
V. Confesso: sou pior sozinha do que mal acompanhada.
VI. Repara: quando você aprende uma palavra nova, ela aparece em todos os lugares.
VII. Solitário dorme sozinho. Rejeitado acorda sozinho.
VIII. Mostrei-lhe a lua no horizonte, redonda, linda. Mas ela prefere “trocar as fraudas do moleque”.
IX. Não há pessoa mais chata do que você mesmo. Fuja da solidão.
X. Fica frio, amigo, não foi o brasileiro o inventor da corrupção. Baseado no mais profundo ensinamento da minha religião, a corrupção começou no Principio dos Princípios, justamente no Jardim do Éden, Quando os dois proto-Safados, corrompidos pela Serpente, desrespeitaram a Lei do Senhor e comeram o Fruto da Ciência do Bem e do Mal, o desrespeito espantoso ficou conhecido como A Queda. Mas não passou assim pelo Todo (como era conhecido o TodoPoderoso), que condenou os três culpados por uso indevido de bem publico e formação de quadrilha. Logo o Anjo Gabriel, executor das ordens do Supremo, expulsou Adão e Eva do Paraíso, obrigando-os a viver na periferia, a leste do Éden. Mas a Serpente, misteriosamente, nunca foi punida.



Encontros Históricos

Encontro I

Às 18h20 do dia 22 de junho de 1642, quando fazia 19 anos, Pascal recebeu a visita gentil de Corneille, de 36 anos. Depois de mostrar ao teatrólogo a prensa hidráulica, a seringa, e o barômetro, que acabara de inventar, Pascal falou-lhe da indequação teológica da metafísica. Depois, enquanto tomavam um gole de conhaque - só aí revelando um certo orgulho -, Pascal explicou a Corneille o funcionamento do calculador digital que acabara de fazer pra ajudar o pai na administração da prefeitura local. Corneille previu que um dia aquilo se chamaria computador, com um programa-base chamado Pascal. Chovia fininho na noite de Rouen.


Encontro II

Exatamente às 4h30 de 3 de junho de 1646, quando tinha 23 anos, o mesmo Pascal, como combinado, recebeu a visita de Descartes prum papo descontraído. Pascal disse a Descartes que chegara à conclusão de que o coração tem razões que a razão desconhece. Descartes concordou, e acrescentou: "Belo é o pensar. Penso, logo existo. Assim posso partir da dúvida absoluta e chegar à absoluta certeza". Às cinco, servido o chá com medeleines que Proust havia enviado, concordaram em que a intersecção de três pares de lados opostos de um hexágono inscritos num cone é linear. E riram suavemente. A tarde ia morrendo em Rouen. E eles também. E tudo mais.

Até os dias de hoje!

20 de nov. de 2009

Maluco, Eu?

Grandes artistas e cientistas em geral têm traços de personalidade estranhos.
Aqui está uma seleção dos melhores(?)

-> Pablo Picasso portava sempre uma arma carregada com balas de festim para que pudesse atirar em qualquer um que perguntasse o que significava seu trabalho.

-> Louis Armstrong, a lenda do jazz conseguiu sua primeira árvore de Natal, aos 40 anos e gostou tanto que a levou numa turnê.

-> Para exercer atração sobre o sexo oposto, Salvador Dali costumava usar um perfume caseiro feito de cola de peixe e estrume de vaca.

-> Tchaikovski tinha pavor que sua cabeça se soltasse do corpo e geralmente regia as orquestras com uma das mãos segurando a cabeça.

-> Em 1820, Ludwig van Beethoven foi preso, acusado de vadiagem depois de moradores relatarem que um homem desgrenhado estava espionando através de suas janelas.

De Mental Floss Presents Instant Knowledge, editado por Will Pearson e Mangesh Hattikudur (Collinsgem)

18 de nov. de 2009

10 Nohtas Promissórias!

E pra mim, nada? Vocês acham que eu sou incorruptível?

I Um dia desses, encontrei alguns amigos entre eles um professor de matemática e um amigo da faculdade de matemática. Falei, de passagem, sobre um velho companheiro de escola, o pi. Disse que era 3,1416. Na época se chamava dizima periódica, ou infinita, acho. Centenas de pessoas (pra ser exato, seis, ou melhor, dois) me corrigiram. O pi não é mais 3,1416, cálculos mais atuais provam que é 3,141592653.
Esta bem, esta bem, eu sei que não é mais 3,1416. Ou quantos algarismos mais vocês quiseram acrescentar a essa dizima. Calculando melhor – pi é igual a 3,1415927 mais ou menos 0,000000005.
Mas ainda não é bem isso.
Tem maluco pra tudo e a matemática é o ninho preferido. Acho até que sem a loucura não há matemática.
O teorema de Fermat, proposto há 300 anos, aparentemente sem solução, até hoje continua com maluquetes gastando a vida atrás dela, solução.
Que é sempre genial, mesmo quando não definitiva. Quanto ao pi, vou ao admirável livro de David Blatner, The Joy of Pi. O ultimo calculo, feito por Yoshiaki Tamura, do Latitude Observatory de Tóquio, e Yasumasa Kanada, da Universidade de Tóquio, usando o algoritmo de Salamin (?) e o supercomputador Hitac M-280H, registra 51 bilhões de dígitos.
Claro,que você chega a essa conclusão, tem de contar tudo de novo para verificar se esta certo.

II Não adianta, sempre resta uma hierarquia e uma divisão de classes, mesmo entre os que levam uma vida de cachorro.

III AUT CÉSAR aut nihil

“A covardia do heroísmo com que vence
A gravidade do riso que deflagra
A prodigalidade com que não lhe pertence
E a gordura que todos dizem magra”

O versículo acima, de nossa lavra, é intitulado com a divisa de César Bórgia – que qualquer universitário do Silvio Santos conhece. Ou César ou nadaé a tradução. Áulicos também traduzem como “Ou Lula ou nada”. Mas os eruditos divergem. Se você conhece alguma historia verá que os eruditos só fazem isso na vida – divergir. O bar de César Bórgia era o quente da época. Frequentado por Savonarola, Maquiavel, Miguel Ângelo, Leonardo, tudo gente fina, todos mais ou menos sábios. Por isso sempre tomando um certo cuidado com os drinques servidos pela encantadora Lucrécia.

IV É por isso que eu digo: a abstinência é uma anormalidade que só se admite com muita sobriedade.

V E igualmente, segundo testemunhas idôneas (a Internet é testemunha idônea?), em Brasília, cada vez há mais pára-choques de caminhão aconselhando: SE BEBER DISCURSE COM MODERAÇÃO.

VI E eu que nunca fui convidada a jantar pelo cético e pela circunspecta, praquelas festas infindáveis que eles dão no porão do forte abandonado, no oitavo dia da semana?

VII Uma roubalheira sem precedentes é apenas mais uma roubalheira antes de uma roubalheira maior também sem precedentes.

VIII Valeram a pena os anos de estudo? Nas aulas de químico-fisica na escola, me ficaram apenas três princípios:
“O homem se liquefaz na medida do que bebe”, “Uma pessoa, mergulhado numa banheira hidráulica cheia de espuma, sofre um ‘calor’ erótico de baixo para cima, de cima para baixo proporcional à pessoa por ele convocada”, e “A alquimia nunca transa com o ao quilate”.

IX A roda da bicicleta em movimento é um teorema euclidiano que adquiriu autonomia.

X Disseram que no ano 2000 todo mundo ia ter 15 minutos de fama, Andy Wahol conseguiu fama permanente.

17 de nov. de 2009

Eu acredito em príncipe!



Sim, esperei o "fim do ano" para dar essa confissão para todas as pessoas que acham que sou pessimista e amarga. Depois de muito pensar, conclui que, sim, eu acredito em príncipe!
**Calma.**
Não é naquele homem lindo que vai chegar de cavalo branco e te salvar dos problemas. Acredito no príncipe de Maquiavel. E em gente maquiavélica.
No tal livro "O Príncipe", o famoso filosofo defende que um governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter e manter o poder. Infelizmente, (?) acho que esse tipo de gente existe. E muitos são garotos que 'pretendemos'. Outros são nossos chefes, nossos conhecidos e passantes que vemos na rua. E, é claro, um dia virarão nossos inimigos.
Essa gente que vive armando estratégias baixas existe, sim, o que é uma pena. Mas a vida é assim. E aquele príncipe encantado perfeito que vai chegar em um cavalo não existe, o que também é uma pena.
Ou não. Imagina que coisa chata ter que lidar com uma pessoa perfeita.
E ainda por cima que usa calça legging com botas por cima. Estou fora. Calça legging com botas só se for usada pelos meus amigos gays...[Amo cada um deles!]
Já os príncipes de Maquiavel... bem eles existem, isso é fato. E meu objetivo não é deprimir ninguém nesse fim de ano e por sua vez no Natal (como se vocês já não estivessem deprimidos).
*A boa noticia é que, com o tempo, aprendemos a nos defender deles muito bem. Sacamos quem é essa gente de longe. E, quando, por acaso, caímos no plano maquiavélico de um deles, uma hora percebemos.
Às vezes, depois que o dano já foi feito (tomamos um pé na bunda; fomos queimadas na escola ou no trabalho). Mas nada que não tenha solução. Afinal, tomar um fora de uma pessoa maquiavélica é tipo uma espécie de presente. Nada melhor do que ter essa gente longe. E, se ela nos queimou na escola ou no trabalho, também já somos espertas suficiente para armar um plano (mesmo que maquiavélico) de vingança.
Depois dessas palavras, desejo um ótimo Fim De Ano para todos. E, como diria Cazuza, bobeira é não viver a realidade. E, se você vive em um quarto rosa achando que um dia o príncipe vai chegar, bem... isso é problema seu.

Meu Momento de Histeria
Papai Noel também não existe!

12 de nov. de 2009

Mundo Chato!



Eu queria que você entendesse o seguinte: o New Order era o maximo, o símbolo definitivo do cool. O cabelo do Bernard Summer, lá por 1985 era o mais legal. Como alguém podia tocar baixo daquele jeito tão louco, quase arrastando no chão, como o Peter Hook?
Stephen Morris, baterista, mostrava que a busca da técnica pela técnica era asneira. E a Gillian Gilbert, com aqueles vestidos de vovozinha - como alguém podia ser, ao mesmo tempo, tão vanguarda e tão antimoda?
Sem falar nas lendas. Dizia-se que cada um dos quatro ganhava salário fixo e que não admitiam se vestir com glamour de rockstars - pareciam bancários de cidade pequena. Uma das musicas do primeiro disco se chamava "ICB" porque a sigla significava "Ian Curtis is Buried" (Ian Curtis esta enterrado - ele se suicidou em 1980 e era o líder do Joy Division, que deu origem ao New Order).
Nesse contexto de idolatria envolta em mitos, assisti um vídeo dos caras no Ibirapuera, em São Paulo, em 1988.
Hook, Bernard, Stephen, Gillian: icebergs humanos nos conduzindo a um futuro cinzento.
Sentiu o clima? Pois bem, agora venha comigo e caia na real.
Ganhei de um amigo um DVD com um programa sobre o New Order, feito especialmente para a serie "Originals", à venda na loja do iTunes (só dá pra comprar com cartão de crédito gringo). Bernard, Hook e Stephen falam sobre as diversas fases da banda, tudo entremeado com versões, especiais para o programa, das musicas mais famosas.
Os mitos vão caindo aos poucos, e pelas mãos da própria banda.
A transição do rock do Joy Division para a eletrônica do New Order? Só para irritar os fãs do Joy.
"Blue Monday", maior clássico do grupo? Um acidente, uma tentativa de compor uma musica que os instrumentos tocassem sozinhos, sem a banda no palco.
Ate o New Order virou humano - que mundo mais sem graça!

CD PLAYER (Juninho (Ô Chato) de BH)
PLAY: Revista “Swindle”
Ele deve ser o único assinante fora da Califórnia. Musica, design… e os Germs na capa!

PAUSE: MySpace
É serio (ele) não queria ser chato. Mas acho que já deixou de ser cool.

EJECT: A Volta do Led Zeppelin
Podiam ter chamado os White Stripes para abrir. Eles fariam o show dentro de um reator na Coréia do Norte, antes que eles desligassem.

Não perguntei o nome deles.

Naquela época, eu me esforçava ao maximo para tentar não odiar, e me sentia mal sempre que me encontrava numa posição que poderia ser interpretada dessa maneira. Mas aprendi a não atacar aqueles que não fossem pessoalmente agressivos, e que só expressassem passivamente o que lhe tinha sido ensinado. Às vezes eu era grosseira, porque ser decente significava mostrar-se medroso e inconsciente de seu "lugar". Então, já que, quando se era decente, eles achavam que você estava com medo, eu era quase sempre grosseira.
A verdade machuca. A verdade inquieta. A verdade incomoda. A verdade passa a maior parte de nossa vida, nos perseguindo, pois quase sempre preferimos a comodidade da mentira. Por que a mentira? A mentira acomoda, a mentira tranquiliza, a mentira abstrai diferença - pode até nos igualar. Mas principalmente, a mentira conforta e cabe direitinho naquele espaço perpassado de ilusões e superficialidades que costumamos criar para acomodar nossa existência.
Verdade seja dita: ninguém gosta da verdade. Aceitamos, mas gostar, ninguém gosta. A verdade é um deserto árido e monotonamente plano onde quase sempre ficamos apenas com nós mesmo. Quer pior companhia?
Um dia desses sentei-me na praça e a verdade sentou-se ao meu lado. Fiquei a sós com ela, o vento frio e inóspito de meus piores temores acossando-me com aquelas lembranças intermináveis e tão subterrâneas que eu quase não me lembrava delas, e elas sendo embaralhadas e espalhadas diante de mim por mãos hábeis mas implacáveis, mãos invisíveis mas furiosas e incansáveis. Me sentia como um jogador mal sucedido, pois só recebia cartas ruins, um jogo infeliz em que entrei derrotado, lutava para não sair com mãos vazias e a cabeça cheia de culpas... Eu gritava muito por dentro, a noite chegava, o céu escurecendo com a revoada dos pombos que assustava em meu caminho, e a verdade ainda na minha frente, me hostilizava com seu silencio "gritante", junto com a implacabilidade de suas certezas incontornáveis. Encontrar forças, buscar por abrigo, é só isso que eu queria... A sobrevivência era uma das mais importantes prioridades na minha vida. A depressão e os "conflitos" em família fizeram com que eu temesse pela vida.
Me sentia inteiramente culpada de tudo. "Culpada! Culpada! Culpada!" Aprendi a ter medo de tudo. Minha auto confiança já tinha se perdido durante as tentativas de fuga pela cidade. Era em vão, atrás de coisa nenhuma. Derepente descobri que tinha medo de mim, sempre encontrava um escuro dentro de mim, eu mesma não sabia como escapar. Será que existe ou já existiu algum meio de fugir de nós mesmo? Sei que me tornei perita em sobrevivência, fazendo dela uma questão de tenacidade, de colocar a segurança acima de tudo. Por outro lado, viver era uma questão de paixão e de risco, de encontrar um objetivo importante e dedicar-se a ele. Fazendo o que fosse necessário para manter-se vivo e a salvo. Tendo crescido nesse ambiente, eu não fora capaz de perceber o que havia de errado nessa forma de pensar e agir. Talvez o objetivo da vida não fosse a sobrevivência.
Enquanto eu refletia sobre como seria possível proteger algo sem interromper o crescimento da vida dentro de mim. Percebi que viver em um mundo perigoso, um mundo de sofrimento, solidão e perdas fazia parte da vida. Minha família cultivava o medo. Então eu sempre encorajava esse sentimento, acreditando que, dessa maneira, garantiria a minha segurança. Passei a ver a vida com outros olhos, e percebi que a minha historia se resume a mim mesma e não existe ações espetaculares ou soluções simplistas no mundo real. Jamais me ocorreu a ideia de que o medo é o tipo errado de proteção. "Encontrar a proteção certa pode ser a primeira responsabilidade de uma pessoa que deseja fazer alguma coisa importante neste mundo" Existe sim um beco sem saída de nossas piores partes, pois todos temos mas não queremos. Encontramos a raiva que sentimos de nós mesmo ao ficarmos frente a frente com a nossa pequenez e mediocridade, as pequenas historias que muitas vezes encontramos destruindo outra pessoa ou meramente ficando feliz com a desgraça do outro - preferencialmente alguém melhor do que nós. O excesso de inquietações nos deixa vulneráveis. Não é possível seguir em frente sem se expor, sem um envolvimento, sem correr riscos, e muito menos sem criticas. Aqueles que querem promover mudanças terão que enfrentar decepções, perdas, até mesmo a zombaria. Se você está à frente de seu tempo, verá que as pessoas riem com a mesma frequencia com que aplaudem.
Procurar a proteção certa é um objetivo que deve estar dentro de nós e não nos separando do mundo. É algo muito mais relacionado à busca por um abrigo do que à busca por um esconderijo. No mundo real existem soluções e acomodações. Bom, pelo menos agora no mundo real ter medo é algo bem natural. E isso conforta.

8 de nov. de 2009

O outro lado de Dom Casmurro.

A pergunta que me sufoca: "Em que exato momento histórico nossa ignorância passou a ser virtude?”.

Recentemente fiz uma "pesquisa" sobre Dom Casmurro, a obra magna de Machado de Assis. Fui atrás dos assuntos picantes do romance - se Escobar, "herói" do romance, tinha ou não tinha comido a Capitu (eterna e tola discussão entre beletristas), devo ter alcançado alguns desprevenidos. Bom, não apenas descobri que Escobar comeu a Capitu, como, não sei não, acho que tirei Dom Casmurro do "armário". Como não sou das maiores - e nem das menores - admiradoras do bruxo, fundador da Academia Brasileira de Letras ("a Gloria que fica, eleva, honra e consola", eta que frase, hein!), não vou discutir a maciça, inexpugnável web protecionista que se criou em torno dele. Não quero polemizar (falta-me vontade e capacidade) com a candura que erúditos (com acento no ú, por favor) tem para relação equivoca entre Capitu, a "dos olhos de ressaca" (que Machado não explica se era ressaca do mar ou de um porre), e Escobar, o mais intimo amigo de Bentinho, narrador e personagem do livro (evidente alter ego do próprio Machado). A desconfiança básica vem desde 1900, quando Machado publicou Dom Casmurro.
Dom Casmurro é ou não corno, palavra cujo sentido de humilhação masculina - que ainda mantém bastante de sua força nesta época de total permissividade - na época de Machado era motivo de crime passional, "justa defesa da honra", e outros desagravos permitidos pela legislação e pelos costumes.
Curioso que, ontem como hoje, o epíteto corna não se grudou à mulher. Ela é tola, vitima, “não sei como suporta isso!”, “corneia ele também!” (mais do que justo), mas o epíteto não colou.
Dom Casmurro sofre da dor especifica umas 50 paginas do romance, envenenado pela hipótese da infidelidade de Capitu. Que duvida, cara pálida? Capitu deu pra Escobar. O narrador da historia, Bentinho/Machado, só não coloca no livro o DNA do Escobar porque ainda não havia DNA. Mas fica humilhado, desesperado mesmo, à proporção que o filho cresce e mostra olhos, mãos, gestos e tudo o mais do amigo, agora morto. Bentinho chega a chamar Escobar de comborço (parceiro na cama). Mas, pela nossa eterna pruderie intelectual, também ainda ridiculamente forte com relação a outro tipo de relação, a homo, nunca vi ninguém falar nada das intimidades entre Bentinho e Escobar. É verdade que, na época, Oscar Wilde estava em cana por causa do pecado que “não ousava dizer seu nome”. Não fiz interpretações. Apenas selecionei frasesmomentos – do próprio Dom Casmurro/Machado, da Editora Nova Aguilar. Leiam, e concordem ou não.
 
Pág. 868 “Chamava-se Ezequiel de Souza Escobar. Era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugidios, como mãos, como os pés, como fala, como tudo.”

Mesma pagina
“Escobar veio abrindo a alma toda, desde a porta da rua até o fundo do quintal. A alma da gente, como sabes, é uma casa com janelas para todos os lados, muita luz e ar puro... Não sei o que era a minha. Mas como as portas não tinham chaves nem fechaduras, bastava empurrá-las e Escobar empurrou-as e entrou. Cá o achei dentro, cá ficou...” 
 
Pág. 876 “alternando a casa e o seminário. Os padres gostavam de mim. Os rapazes também e Escobar mais que os rapazes e os padres.”

Pág. 883 “Os olhos de Escobar eram dulcíssimos. A cara rapada mostrava uma pele alva e lisa. A testa é que era um pouco baixa... mas tinha sempre a altura necessária para não afrontar as outras feições, nem diminuir a graça delas.

Realmente era interessante de rosto, a boca fina e chocarreira, o nariz fino e delgado.”

Mesma pagina “Fui levá-lo à porta... Separamo-nos com muito afeto: ele, de dentro do ônibus, ainda me disse adeus, com a mão. Conservei-me à porta, a ver se, ao longe, ainda olharia para trás, mas não olhou.”

Mesma pagina “Capitu viu (do alto da janela) as nossas despedidas tão rasgadas e afetuosas, e quis saber quem era que me merecia tanto.

–É o Escobar, disse eu."
 
Pág. 887 “-Escobar, você é meu amigo, eu sou seu amigo também; aqui no seminário você é a pessoa que mais me tem entrado no coração.

–Se eu dissesse a mesma cousa, retorquiu ele sorrindo, perderia a graça... Mas a verdade é que não tenho aqui relações com ninguém, você é o primeiro, e creio que já notaram; mas eu não me importo com isso.”

Pág. 899 “Durante cerca de cinco minutos esteve com a minha mão entre as suas, como se não me visse desde longos meses.

-Você janta comigo, Escobar?

-Vim pra isto mesmo.”
 
Pág. 900 “Caminhamos para o fundo. Passamos o lavadouro; ele parou um instante aí, mirando a pedra de bater roupa e fazendo reflexões a propósito do asseio; lembra-me só que as achei engenhosas, e ri, ele riu também. A minha alegria acordava a dele, e o céu estava tão azul, e o ar tão claro, que a natureza parecia rir também conosco. São assim as boas horas deste mundo.”

Pág. 901 “Fiquei tão entusiasmado com a facilidade mental do meu amigo, que não pude deixar de abraçá-lo. Era no pátio; outros seminaristas notaram a nossa efusão: um padre que estava com eles não gostou...”

Pág. 902 “Escobar apertou-me a mão às escondidas, com tal força que ainda me doem os dedos.”
 
Pág. 913 “Escobar também se me fez mais pegado ao coração. As nossas visitas foram-se tornando mais próximas, e as nossas conversações mais intimas.”

Pág. 914 “A amizade existe; esteve toda nas mãos com que apertei as de Escobar ao ouvir-lhe isto, e na total ausência  de palavras  com que ali assinei o pacto; estas vieram depois, de atropelo, afinadas pelo coração, que batia com grande força.”

Págs. 925/26 Depois da morte de Escobar) “Era uma bela fotografia tirada um ano antes. (Escobar) estava de pé, sobrecasaca abotoada, a mão esquerda no dorso de uma cadeira, a direita metida no peito, o olhar ao longe para a esquerda do espectador. Tinha garbo e naturalidade. A moldura que lhe mandei pôr não encobria a dedicatória, escrita embaixo, não nas costas do cartão: ‘Ao meu querido Bentinho o seu querido Escobar 20-4-70’.”
 
P.S.: Mas, se vocês ainda tem duvida, leiam a página 845 do fulgido romance. Bentinho, ele próprio, fica pasmo, e realizado, quando consegue dar um beijo (quer dizer, apenas uma bicota) em Capitu. É ele próprio quem fala, entusiasmado com seu feito de bravura:

“De repente, sem querer, sem pensar, saiu-me da boca esta palavra de orgulho:

-Sou Homem!”