6 de fev. de 2010

Otimismo II

Otimismo. Volto ao meu otimismo: estamos no melhor dos mundos. Claro, se não considerar-mos a hipótese, cada vez mais provável, de um Severino global (estou falando de um FDP da vida) explodir com isso tudo. Ele começa, ou a Coréia, ou o Irã, um explode aqui, outro explode ali e, em 43,10 segundos (calculei), explode tudo.

"Uma guerra com bombas de hidrogênio acabará com a raça humana. Haverá uma morte universal, imediata apenas para uma minoria afortunada. Para a maioria será uma tortura lenta, com doenças, dores e desintegração”.(Bertrand Russel, logicista).

Mas não cedo ao pessimismo. Sempre acreditei na estupidez dos homens, mas duvido totalmente da eficiência da tecnologia para destruir todo o mundo. Ainda vai sobrar gente. E essa gente que sobrou terá sido a solução para o problema - do qual se fala muito pouco - da superpopulação. Pois já somos 6 bilhões. Não sei como isso afeta a sua vida. Mas a minha já começou a afetar!

Otimismo (por quê). Vocês já pararam pra comparar este mundo, inicio do século XX, com este, inicio do XXI? A diferença, pra melhor, mas que faz parecer pior, é sabermos tudo. Quaisquer 23 mortos em Bagdá chegam à nossa sala de jantar na mesma hora e são repetidos, repetidos, e repetidos viram milhares. A Guerra no Vietnã nos deixou, como retrato mais dramático, "apenas" a menina nua queimada de napalm. E quase ninguém soube, nos anos 20, do genocídio (promovido pelos turcos) que matou um milhão de armenicos, numa população de três. No inicio do século XX, não conhecíamos pessoalmente o micróbio, o iniciante raios-X arrancava dedos e membros dos cientistas, a paralisia infantil aleijava milhões de crianças (acabou, no Brasil!), as pessoas morriam de raiva (era doença, hoje é só irritação), poucas décadas antes Marx escrevia o Manifesto enquanto esgravatava seus furúnculos, havia muita peste (no Brasil, só a amarela matou dezenas de milhares de pessoas), o telefone ainda espantava ("E isto fala!"), a eletricidade chocava e eletrocutava, não havia televisão, hoje um bem universal, não tinham inventado o surfista, esse ser humano maravilhoso, NÃO HAVIA CINEMA!. E morríamos aos 41 anos. E a falta de higiene fazia o mundo um gigantesco bodum.
Pequeno exemplo:

No livro Wings of Madness, de Paul Hoffman (Hyperion, NY, 360 paginas), Santos Dumont descreve o esforço para um supergrã-fino como ele tomar um banho na iluminada Paris:

" 'Un bain, Monsieur? Mais perfaitement! Mandarei um banho pro senhor às cinco da tarde, em ponto', disse a solícita concierge, quando lhe pedi um banho, de imersão completa. 'Mas eu quero o banho agora, antes do break-fast', insisti. 'Impossível, Monsieur, é preciso tempo pra preparar o banho e trazer. Mas, lhe garanto, é um banho soberbo. O ultimo cavalheiro que tomou, no inicio do mês, ficou encantado. O senhor verá, Monsieur, quando se ordena um banho em Paris, se recebe um belo banho. Às quatro em ponto estará aqui.'
Às quatro, um par de pernas subiu com esforço as minhas escadas - cinco lances, pra ser exato - com uma enorme tina de zinco, invertida, cobrindo a cabeça, os ombros e parte do corpo do miserável proprietário delas, pernas. A tina foi plantada nomeio do quarto: um tapete de linho branco colocado no chão, varias toalhas e um lençol de linho para me envolver depois da provação foram exibidos com ostentação. Aí veio a complexa operação de encher a tina. Dois baldes, três empregados e incontáveis viagens até o hidrante no andar térreo. Afinal, completada a operação - uma tina cheia d'água absolutamente gelada. 'Mas eu ordenei um banho quente.' 'Paciência, Monsieur, aqui esta a água quente!' E imediatamente o servidor exibiu enorme cilindro de zinco parecendo um extintor de incêndio e derramou dois galões de água quente na água gelada da tina - resultando tudo num banho menos que morno. Preço total - 60 cents. Tempo decorrido - duas horas. Pois a tina teve de ser esvaziada em baldes, levados pelas escadas um a um. Só aí o orgulhoso proprietário enfiou nos braços os baldes vazios, colocou a tina na cabeça como um chapéu e começou a perigosa descida dos meus cinco andares."

O que prevejo imediatamente:

Com otimismo: Daqui a seis anos, teremos, incrustado nos ombros, um terabyte-chip (1.099,511,627,776 bytes) anulando a gravidade individual. Vamos voar como os pássaros! Em percursos locais, depois o mundo. Isso eliminará a praga do nosso tempo, o automóvel-individual, trambolhão egoísta, custoso, poluente, assassino.

Com pessimismo: Até o fim do ano, é, estou falando de 2009. Já terá um severino qualquer mandando instalar no corpo um mega-chip (1 048,576) do Google com todas as informações existentes no mundo. Toda a VEJA, todo o New York Times, toda a Folha, tudo. Qualquer coisa que você disser, ele responderá na bucha. Ele sabe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário