7 de out. de 2009

O dilema entre o perdão e a vingança.


“Enquanto dormimos / a dor que não se dissipa / cai gota a gota sobre nosso coração / ate que, em meio ao nosso desespero / e contra nossa vontade / apenas pela graça divina / vem a sabedoria.”

Esses versos escritos há 25 séculos pelo poeta grego Ésquilo, formam a mais antiga e, para muitos, a mais bela conclamação ao perdão jamais colocada em pedra, papiro, papel ou tela.
Esses mesmos versos de Ésquilo, em uma passagem da peça Agamenon. E luta entre a sabedoria que leva ao perdão e o desejo de vingança.
Os entendedores da mente humana enxergam em boa parte dos episódios que chamamos de vingança apenas explosões momentâneas de ódio e reflexos de defesa.
Vingança mesmo começa pelo coração, é tramada no cérebro, guardada na memória, e sua execução é cuidadosamente lapidada pelo inconsciente.

“Enquanto dormimos / a dor que não se dissipa / cai gota a gota sobre o nosso coração...”

Se não nos socorre a sabedoria, a vingança encontra seu caminho. Por que ela não se dissipa, não desaparece lentamente como o conhecimento acumulado ou o nome daquela pessoa importante com que cruzamos no passado e que seria vital lembrar agora?
Os psicólogos colocaram de pé duas teorias principais sobre o poder de permanência do desejo de vingança. A vingança é um impulso que se desenvolve basicamente em quatro etapas.
A pessoa entende que sofreu um dano e conclui que este foi causado por outra pessoa. Em seguida acredita que esse dano foi injusto. E, por ultimo, sente o desejo de retaliar.
A questão que se coloca a partir desse ponto é a seguinte: por que o homem carrega dentro de si o espírito vingativo?
Duas teorias estão entre as mais prováveis.
A primeira é que o desejo de vingança é um tipo de toxina existente na mente apenas das pessoas rancorosas. Isso pode ser atribuído a perturbações mentais ou morais, a pais ausentes na infância, a fatores culturais.
A outra possibilidade é que se trata de um sentimento tão natural no ser humano quanto o amor, o ódio e o medo. Um século de pesquisas sociais e biológicas deu aos cientistas a certeza de que a segunda teoria é a mais sólida. O desejo de vingança é uma parte perfeitamente normal da natureza humana e sua supressão pode ser apenas um daqueles recalques que a vida moderna em sociedade nos incute.

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