20 de out. de 2009

Você é otimista, Poliana?

Como não? Vivo no melhor dos tempos. Violência? Voltem pra Idade Media. O rei podia tudo, o barão podia tudo e a porrada comia solta. Era regra. Cortavam a mão do ladrão e o pinto do tarado. E só havia uma atividade; tomar a terra do outro barão, e de passagem decapitando tudo que era camponês. E fingindo não ver os doentes.
E o começo da era cristã? Ou vocês não viram Mel Gibson estraçalhando Jesus Cristo?
E pouco mais pra trás era comum Nabucodonosor mandar redecorar as muralhas de suas fortalezas com a pele dos inimigos. As visitas A-DO-RA-A-VAM. E a sangueira das santas cruzadas? E a Inquisição, na qual o cara (Antonio José da Silva, o Judeu) era levado à morte só por escrever "céu da boca".
Ah, bons tempos em que a gente podia ir tricotar na primeira fila da execução e jogar mais um graveto na pira em que John Huss era queimado, e ele ainda agradecendo: "Sancta simplicitas!"
Mas não vamos esquecer o grande Ataturk, que modernizou a Turquia com seus "jovens turcos". Liquidou 1 milhão de armenicos (um terço da população da Armênia), muito mais do que, proporcionalmente, morreram judeus nos campos de concentração nazistas.
Falar em nazistas, o comunista do Stalin matou 10 ou 40 milhões de companheiros? Opiniões.
E nas nossas Américas, segundo cálculos - como é que eles calculam? - não foram mortos pelo menos 100 milhões de nativos? No Haiti, não sobrou um nativo. A população de hoje é toda importada.
Pois encham a boca com o Império Romano, Alexandre, Grécia.
Ah, Grécia. Citem um atleta da época com a elegância e eficiência do Kaka. Da Grécia eu só conheço restos de mitologia e atletas sem braços. E fiquem com o "Período Elisabetano" (um grupo de exploradores sugando o sal do mundo), a Belle Époque (uma sociedadezinha afetada, que vestia porcamente, e cujo único valor foi provocar a obra de Marcel Proust). E fiquem com os tempos em que luditas de todas as inocências lutavam contra teares e maquinas a vapor. Porque iam tirar empregos. E iam mesmo.
Revoluções perdidas felizmente, a humanidade avançando. Da média de vida de 41 anos há um século chegamos à de 80, hoje. No Brasil, a expectativa é só 67. Devido à eterna luta entre a "fome zero" e o "semi-árido".
**Responda depressa: aonde é que o pessoal ia quando não tinha cinema? A musica era coisa de superelite. CD, nem pensar. Dor? Aguenta, amigo. E boa parte da humanidade era boi. Vivia naquilo que Marx chamou de "a idiotia da vida do campo". Marx, completamente certo. Não diz nada a ninguém - nunca houve um tempo tão maravilhoso, quanto o nosso. Benefícios e alegrias chegam a mais gente do que jamais chegaram. Na maior parte dos países, Brasil incluído, a televisão é universal. Mais da metade da população da Terra - mais de 3 bilhões de pessoas -, ricos, pobres e até párias, em 2001 já tinham visto, fascinados, as duas torres do WTC vindo abaixo, boa parte assistiu, juntos, a posse de Barack Obama esse ano. Eta nóis, hein, mãe?!

Pois é, paradoxamente a violência é resultado da melhoria da vida humana. A automação, como temiam os luditas, provocou, e provoca, desemprego em massa. Mas, quando isso começou, me falaram: "Calma, agora temos o socialismo".
Pois cada vez se torna menos essencial o trabalho humano primário. E, desempregadas as pessoas, estas - não apenas os "revolucionários" - saem às ruas queimam pneus, põem a boca no mundo.
Sabendo o que querem. O que querem é simples - comida, bebida, habitação e algum trocado.
Só existe uma saída, distribuir, dividir. Embora eu já tenha feito as contas: dividindo a riqueza do mundo pela miséria do mundo não dá um prato de farinha pra cada um. Mas vamos tentar. Ou esta bomba explode. Em vinte, cinquenta anos, no maximo. Enquanto isso relaxem e aproveitem.
Eu já estou nessa. Acesso a internet, vejo um filme DVD, bebo alguma coisa gelada, desligo o CD de um Mahler meio chato, puxo uma coisa melhor pra ouvir no MP4, e ainda ouço, lá longe, uma mulher cantando, em tom passado: "Mamãe eu quero, mamãe eu quero...".
**Mas gozem depressa.**
Stephen Hawking, astrofísico, um dos homens de ponta de nosso tempo, avisa no genial O Universo numa Casca de Noz (só entendi 9%): "Dentro de 600 anos, apenas 600 anos! o mundo terá um ser humano encostado no ombro do outro. E haverá consumo de energia tão grande que a Terra ficará incandescente". E neste mundo de mecânica quântica, 10 dimensões, supergravidade, P-branas e buracos negros, Lula proclama, entusiasmado:
"O Brasil Vai A Todo O Vapor".

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