10 de out. de 2009

Você se conhece?

Quem se conhece tem mais chance de viver relacionamentos plenos...

O amor não é suficiente para tornar uma união "sustentável". Alem dele, é preciso que haja entrega dos parceiros. O problema é que para uma pessoa se entregar ela precisa se conhecer. Quem não se conhece não tem como se deixar conhecer pelo outro. Já quem tem consciência de suas emoções e fantasias consegue separar o que é seu do que é do parceiro e entregar-se de fato.

A palavra sustentabilidade está na moda. Então vamos aplicá-la, nas relações. Começando, pergunto: o que torna uma relação "sustentável"? Se você respondeu que é o amor, sinto, mas errou.
A entrega é que cumpre esse papel.
Por mais que seja amorosa a relação, se não houver entrega, a união será superficial e seu "prazo de validade" chegara mais cedo.
Vale ressaltar que entrega é a atitude de "dar-se a conhecer". Mas, como só se pode dar o que se tem, para se entregar é preciso se conhecer antes. Quanto mais você se conhecer, mais poderá distinguir o que é seu do que é do outro, e assim poderá ir se entregando. Nos tempos de hoje, no entanto, hábitos como introspecção (observação dos próprios pensamentos ou sentimentos) e reflexão, não são mais usados.
Internet, celular, televisão, tudo isso de alguma forma tem nos distanciado de nós mesmos. A grande maioria das pessoas é pouco intima dos próprios pensamentos, emoções, atitudes e mecanismos de defesa. E por isso confunde emoções, incomoda-se com dilemas, não sabe lidar com conflitos e assim não sabendo entregar-se. Para entender como isso interfere na relação, imagine que uma moça diz ao namorado:

"Estou insegura, pois não sei o que represento em sua vida. Às vezes acho que você gosta de mim, outras, que não. Nessas horas fico magoada e infeliz. Se tento não pensar no assunto, me culpo, pois acho que me acomodo. Gostaria de não ser assim, procuro mudar, mas estou com dificuldades. O que a gente poderia fazer a respeito? Você pode me ajudar?"

Repare que agora ela esta dizendo coisas que ele não teria a mínima condição de saber se ela não expusesse "seus conflitos". Ela assume a insegurança e não o culpa pelo o que ela esta sentindo.
Gostaria de se sentir mais segura, e reconhece que sua dificuldade prejudica a relação e acaba pedindo ajuda. Em outras palavras, ela se entrega e arrisca fazendo um investimento afetivo.
Se o namorado for sensível, mas não sentir por ela afeto o bastante, para se entregar também, ambos reconhecerão que têm expectativas diferentes. Neste caso, a relação pode terminar ou continuar -isso se o casal encontrar sentido em ficar junto, apesar das diferenças. Se ele desejar envolver-se mais, e não souber se entregar, a situação poderá ficar dramática. Ele sendo sensível reconhecera como legitima a expectativa da namorada e entendera o pedido dela como evidencia de seu afeto por ele.
Ele pode até ficar desconcertado com a facilidade com que ela se entrega, a ponto que desejaria fazer igual. Mas ele não consegue, não sabe o que entregar de si, pois não se conhece. Permanece o conflito entre desejo de entrega e a incapacidade de fazê-lo. A relação torna-se dolorosa, porque é no convívio com o outro que a pessoa constata sua incapacidade de entrega. Aonde vem a culpa.
A única saída que ele encontra é evitar o convívio, o que vai gerar outro conflito: ele quer ficar perto porque gosta, e longe porque a proximidade o faz sofrer. E o distanciamento dele desencadeia mais sofrimento nela, assim confirma a suspeita de que ele não a ama o bastante. Assim a frustração de ambos e a incapacidade de entender essa dinâmica inviabilizam a relação - mesmo que haja amor - ela não se sustenta. Se ele fizesse como ela o fim poderia ser evitado: buscar entender seus medos e fantasias, reconhecendo-se e compartilhando-os.
A entrega de ambos daria consistência ao relacionamento e juntos eles teriam mais chances e capacidade para vencer suas inseguranças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário